Quando fui convidada para escrever aqui para as Divas, fiquei feliz e apreensiva, não sabia exatamente quais os temas gostaria de abordar, mas lembrei que amo ver mulheres dominando o mundo por aí e como a nossa união é importante nesse processo, então, nada mais justo do que falar sobre isso aqui.
Para contextualizar esse assunto, preciso fazer uma reflexão sobre a ideia do poder versus mulheres. O que você entende por poder? Capacidade de liderança? Habilidade de impor suas vontades perante aos outros? Fazer valer a sua verdade? Todas as alternativas estão corretas, porém qual a forma mais eficaz que nós seres humanos usamos para se expressar? A voz, seja escrita ou falada. Quando pensamos assim, percebemos que a voz das mulheres ainda não é tão expressiva por aí.
Quase todas nós carregamos alguma história de silenciamento, seja no ambiente familiar ou corporativo. Essa dinâmica de mundo é tão comum porque ultrapassa gerações.
A historiadora e escritora Mary Beard fala sobre sobre o silenciamento feminino durante os anos e traça uma visão histórica sobre o tema. Voltando para a Antiguidade (de 4 000 a.C. a 3 500 a.C.) ela nos conta que a voz existente nos lugares públicos era masculina, e o dom de discursar e tomar decisões “coletivas” era negado às mulheres.
Pense em discursos históricos, quantas mulheres vieram à sua mente?
Quando nos é dado o “direito” à fala, somos interrompidas e/ou só falamos com mulheres ou para mulheres .Além de que muitas vezes, quando uma mulher alcança um lugar de destaque no ambiente público, é comum que existam mais comentários sobre sua a aparência física do que sobre o seu discurso, além das comparações “vexatórias”.
VAMOS ANALISAR ALGUNS DADOS?
No Brasil as mulheres ocupam hoje 34% dos cargos de liderança sênior (diretoria executiva) nas empresas (International Business Report da Grant Thornton) e mais 24 milhões de mulheres são donas do seu próprio negócio (SEBRAE).
É notável os grandes avanços nos últimos anos, porém falta muito ainda para ser discutido e analisado. Não basta apenas estarmos no poder e sim, termos tempo e oportunidades para exercer isso de forma ampla.
Apresento a “Dupla Jornada” que é o emprego formal ou empresa, associado a uma maternidade e/ou cuidados e afazeres domésticos. Segundo uma pesquisa de 2018 do IBGE,
as mulheres dedicam 20,3 horas semanais aos serviços domésticos enquanto os homens, 10,9 horas semanais.
A situação é bem mais complexa quando se fala da mulher negra. Elas são 28% da população brasileira (IBGE- 2018). Quantas mulheres negras você conhece que ocupam cargos de poder?
É comum que durante a sua jornada em busca do poder, você se sinta errada ou culpada por estar pensando em si. A forma como o mundo ainda funciona, contribui diretamente para construção de nossos pensamentos e julgamentos. Nos acostumamos a ver mais homens na política, mais homens donos de grandes corporações, mais homens abdicando ter uma família para se dedicar a sua carreira...
Quanto mais mulheres tivermos no poder e ecoando suas vozes por aí, mais equilibrado o mundo poderá ser. Mas não basta chegar ao poder e esquecer das tantas outras que tiveram esse acesso negado, a união tem que se fazer presente.
Afinal, é preciso estudar, dialogar e sobretudo, questionar sempre que necessário e as coisas mudam com ações!
Vocês já tinham pensado no poder sobre essa análise?
Comments